Desleixar É Preciso

23-07-2016 19:26

    E, de repente… mãe de três!

    Todas diferentes! Assim, de um momento para o outro, temos ao nosso encargo três seres humanos dependentes de nós!

    E se esses três seres humanos forem: uma adolescente, uma criança e uma bebé?!

Idades diferentes, gostos diferentes, necessidades diferentes… Uma chora, pois não gosta muito do ato de dormir, a outra porque o amiguinho não quis brincar com ela na escola e chamou-lhe “parva” e a outra porque ficou sem bateria no telemóvel para enviar a centésima nona mensagem do dia para a amiga… Aí nos desdobramos e chegamos a desejar, naquele momento, ter mais que um par de ouvidos para poder ouvir as queixas, sim porque quando se queixam não é uma de cada vez… E o problema de uma é sempre mais importante do que o da outra. E depois vêm as brigas do “- eu estava a falar”,”- mas eu estava a falar primeiro” e, entretanto, a bebé chora…

E se somos daquelas mães que sempre tentamos ser e ter tudo perfeito, tudo organizado, participando em tudo, desde a roupa a vestir, dos conselhos a dar, dos trabalhos de casa, das reuniões da escola, do penteado, da arrumação das roupas, quartos e afins… amigas do “deixa estar que eu faço”… Estamos completamente LI-XA-DAS!

Vem a frustração, vem o “não consigo”, o “vou enlouquecer”, o ”vou ficar maluca”, a vontade de desaparecer e só voltar daqui por trezentos anos… Vem a parte em que, até a casa de banho, parece um sítio lindo para descansar se conseguirmos fazer dele um escape (pelo menos até ao momento em que entra alguém, de repente, sem bater a fazer queixas da irmã)…

    Choramos, rimos, falamos sozinhas, gritamos…

E no final da noite, quando "conseguimos" que já todos estejam a dormir, quando acabamos de nos deitar, em que finalmente, conseguimos respirar fundo, em que sentimos o nosso corpo completamente encaixadinho na cama… na almofada… entre os lençóis…num colchão que, pode até ser velho, mas, naquele momento, é o colchão perfeito… achamos que já está, tudo está bem e arrumado por aquele dia. Mas heis que, de repente, constatamos que parece que arrefeceu! Parece que a noite está mais fria que a anterior! E aí, instintivamente, sem nos dar conta, sabe-se lá de onde, vem o pensamento: será que a bebé está com frio?

 E lá nos levantamos… com sorte, a bebé está no nosso quarto e só precisamos de esticar o braço que, por esta altura, parece pesar uma tonelada. Mas o pior é o a seguir… quando a mesma dúvida aparece em relação às outras!!! Achamos que, se calhar, as outras, que estão no quarto delas, estão destapadas e que também têm frio! E que, se calhar, o melhor seria lá irmos ver… Por esta altura ouvimos duas vozes: a do “Tico” que diz deixa-as que se elas tiverem frio, elas tapam-se e a do “Teco” que diz: se calhar não se vão tapar, estão cheias de frio e vão acabar por se constiparem…

E ali ficamos, na dúvida no que fazer, entre a preguiça e, o que achamos nós, que seria o que é certo enquanto mães fazer. Mas será mesmo que o levantarmo-nos, de propósito, só para irmos arranjar um lençol que está literalmente aos pés de quem possa estar destapado é o certo para nós fazermos enquanto mães??

Pois, se calhar não…

Claro que um bebé é completamente dependente de nós, os crescidos, e, por muito perto que o lençol esteja, ele nunca conseguirá se proteger do frio sem a nossa ajuda...

Mas em relação a pimpolhos mais crescidos... Há que aprender a desligar, de vez em quando.

Aprender que nós, somos apenas pura e simplesmente, seres mortais. Aprender que não chegamos a todo o lado e que, o certo, é deixarmos crescer e fazer com que aprendam a “desenrascarem-se” para serem crescidos independentes.

E não, não é fácil… requer um certo treino no “deixa-as que elas hão de resolver”. Temos de passar pela fase de o acharmos que, se calhar, estamos a falhar como mães, poderá haver a parte em que as manas vão culpar as outras manas do facto da mãe parecer já não ter tempo para elas… E sim, o tempo deixa de ser tão individual, pois é impossível termos a mesma disponibilidade para três como tínhamos para duas, já nem digo uma!!! E porque também nós, simples mães, precisamos de um tempinho para nós, para não andarmos com vontade de bater com a cabeça nas paredes, por estarmos sem paciência, por falta de descanso e acharmos que somos super mulheres e que conseguimos chegar a todo o lado. Bem, o que em parte é verdade, nós, mães, somos super mulheres e conseguimos chegar QUASE a todo o lado… Mas falta o Quase.

    Ora vamos lá, para o nosso bem e para a nossa saúde mental, aliás para o bem de todos, aprender a ter momentos de “desleixo” …

Nota: As imagens, por mim escolhidas, não são da minha autoria. Obrigada.

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